Acordei com a luz do sol refletindo na lata de tinta que
estava na única parte descoberta de onde eu dormia em baixo da escada do hotel.
Perto da minha cabeça havia uma caixa vermelha de cigarro hollyood amassada,
uma lata de coca-cola, e uma sandália havaianas preta, com sua alça torada no
buraco do meio.
Meu rosto estava mais enrugado do que de costume, meu
travesseiro estava cheio de areia, marcando assim o lado da minha face sobreposta
a ele. A tristeza ainda perdura além do meu peito angustiado, até a unha
encravada do meu dedo mindinho.
Meu aparelho prendeu-se em minha boca seca, qualquer mexida, ganho
uma ferida que atrapalhara minha dicção por semanas.
Eu não sei o que faço, meu corpo está adormecido. Das melodias
que vagueiam em minha cabeça, existe apenas um trompete desafinado.
O colete que cobre minha blusa está mais sujo que mesa de bar
não limpa. Pingos de água começam a cair do céu, batendo neste pano de chão
imundo que sou, acordando-me lentamente, fazendo meus olhos vermelhos sair de um
soneto pessoal e despertando meus ouvidos zunidos, para uma orquestra no
momento o trompete iria começar um solo; - Chuva, chuva, a chuva chegou! Obrigado
São Pedro a Missa vai começar.
Escuto um trinco de porta abrindo em cima de mim, era o vigia
do hotel, que me fez pular o muro antes que me avistasse.
Em frente à igreja de São Pedro Gonçalves, me deparo com um
casal de idosos muito gentis, o Senhor aproximou-se de mim; - Bom dia meu jovem
Deus te abençoe!
Deu-me uma vale refeição dizendo; - Entre meu filho a sopa
está pronta.
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