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15 de out. de 2011

Final de semana, sem esperança.


OBS: Esse texto foi escrito em 10 de outubro de 2011, postado no facebook por mim mesmo, só coloquei no blogger agora, mesmo sem correção por muita preguiça!

Ontem vi um menino no HQPB (evento de quadrinhos e cultura pop) que lembrou muito, um garoto do livro que estou lendo. Só que ele ficou feliz não por estar em cima de um carrossel, mas sim por conseguir jogar um vídeo game. 

Seus olhos brilharam desde da compra de uma ficha, que valia mais que todas as suas moedas, que poderia dar o dinheiro de algo pra matar sua fome. Mas ele sabe lhe dar com a fome mais do que qualquer um ali saberia. Ao redor de várias pessoas estranhas, vestidas estranhas, e o olhando estranhamente, com olhares assustados, de desdém, e de reprovação, que na maioria das vezes são voltados para elas, por se vestirem daquela forma (cosplays, góticos, metaleiros e afins). 

Ele agia naturalmente, assustado e com medo de ser barrado ou impedido de saciar o seu desejo, mesmo sabendo que não estava fazendo nada de errado, e que sua única veste era mais natural e mais formal do que as de muitos que estavam ali.

O que me surpreendeu foi a naturalidade que ele tinha ao receber aqueles olhares, e o olhar que ele retribuía, poucos entenderam que era só um menino, de oito ou nove anos, mas enfatizavam muito bem com seus olhares que era um menino de rua. E apesar de assustado, ele ria e tentava agir naturalmente, até que ele me olhou e me fez rir junto com ele.

Ele só queria um ficha, apenas um ficha, que valeria até uma única derrota. Onde muitos lugares em vez de ficha valeria uma hora. Onde em lugares no mesmo local, existia jogos de graça.

Pensei que ele ia se arrepender, como eu tinha me arrependido por estar ali, no mesmo lugar que ele, vendo tudo que ele via, e sem prazer nenhum, apesar do evento ter sido ótimo, e a organização de parabéns. Aquele não era o meu melhor dia, mesmo rodeado de amigos, e conhecidos, mesmo com alguns risos, eu estava em um local que não era para estar. Assim como ele, mas ao contrario de mim, ele estava feliz.

Ele devia ter trabalhado horas, ou a tarde inteira, podia até ter sido roubado por caras maiores, mas foi com o dinheiro dele e de um amigo, que ele pagou aquela ficha de 1,00 R$ ou mais fichas. Surrou o meu personagem favorito, com o vilão do jogo. O jogo que eu passava noites surrando o personagem que ele jogava. E foi ali, que meu final de semana inútil, cansativo, estressante, que minha saída de casa pra tentar valer pelo menos o meu domingo. Deixou de ter sido uma bosta, uma desilusão, para mais um aprendizado.

Aquele jogo, não era um carrossel onde os capitães de areia esqueceram que eram meninos de rua, esqueceram que tinham sido abandonados pelos pais, violentados ou que fugiram de casa. 

O carrossel, não era aquele jogo, onde um menino de 9 ou 8 anos, só vestindo uma bermuda vermelha, que passou o dia no sol, esqueceu da rua por alguns minutos, mesmo com aquele nervosismo de ser expulso quando alguma pessoa se aproximava, mesmo sem ter feito nada de errado, ainda o temia. Aquele jogo o fez feliz. 

Queria ter jogado uma partida com ele, mostrado que Iori ainda ganharia de Rugal fácil. Porém aquele jogo não era pra mim, e não queria de jeito nenhum tirar o momento de felicidade daquele menino, poderia ter dado uma ficha, mas INFELIZMENTE não pensei nisso na hora, até pensei tinha 50 centavos no bolso, mas o amigo dele mais velho que o acompanhava ajudou com algumas moedas para completar as fichas, fazendo me omitir e me deixar apenas como um mero observador, deste momento ignorado por muitos.

Esse momento fez valer meu domingo, minha saída de casa, e até o meu final de semana inteiro. E me mostrou que eu ainda tenho muita coisa pra fazer.

p.s: desculpem-me qualquer erro literário, gramatical, ortográfico, minha área não é essa, más isso não vem ao caso.

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