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23 de out. de 2010

Chuva no terminal!


Tom acorda às 6 horas da manhã todos os dias para trabalhar. Todos os dias a mesma rotina, todos os dias o mesmo terminal, todos os dias a maiorias das pessoas dos outros dias, o mesmo horário de trem.

Tom é um ser sistemático, senta na mesma cadeira do mesmo vagão, sempre do lado esquerdo, quase sempre no lado da janela. Muitos provocam tom sentando no lugar dele, seus lábios alargam-se para baixo, ele bate um pé com outro, olha para os lados e finge que não está nem ai, mesmo quando o ''safado'' olha pra cara dele rindo.

Tom não falta trabalho, não se atrasa, nunca faz cara feia quando o convidam a fazer hora extra, usa vestes padrão, mesma cor, mesmo estilo de casaco, mesmo guarda chuva. Dos quatro pares de sapatos a mesma marca e o mesmo modelo dois marrons escuros e dois pretos bem engraxados.

Tem cerca de um metro e setenta e oito, fora de forma, bem fora de forma mesmo, careca no meio da cabeça e uns cabelos castanhos nas laterais, anda balançando os braços exageradamente, tem um andar engraçado, adora dias de chuva porque não o fazem suar muito, tem crise quando acha que não passou desodorante, ou quando se sente cheirando mal.

Tom mora em uma cidade dormitório, cerca de quinze minutos da grande metrópole na primeira descida do trem, Tom ver um casal de crianças, um garotinho vestindo uma bermuda jeans, uma  camiseta amarela suja com respingos de ferrugem, cabelos curtos feito a maquina, a boca melada de chocolate nos cantos, não tira a mão dela, e não para de olha-lo, com seus olhos redondos como de uma bola de gude. A menina veste um vestido rosa claro, aparentemente feito pela mãe, um pouco enxovalhado e amassado na parte das bordas, loirinha, magra e mais alta que o irmão, seus pais demonstram um ar de preocupação, não aparentam terem boas condições, e ambos não param de olhar em volta. É a primeira vez que Tom ver essa família, isso o deixa um pouco tímido.

Chegando à sua descida Tom perceber que o rapazinho continua o olhando com a mão ainda na boca, e que ele e sua família vão descer também. Tom acelera o passo e chega primeiro na descida, não olha para trás, ate que se distancia da família com um ar de vitória, não precisou pedir licença na hora de sair do trem.

No trabalho, ou melhor, no Centro de Ciências Astronômicas, Tom tem uma sala só pra ele com um cartaz escrito na cabeceira, ''se não for trabalho, não fale comigo!".

Tom é um dos melhores calculadores de rotas astronômicas ainda vivo no seu trabalho. Todas as 15h00min ele, e seu amigo e chefe Ed. vão à cafeteria do espaço,  duas quadras depois do CCA (Centro de Ciências Astronômicas).

Ed. é amigo de Tom há 20 anos, estudaram juntos, se formaram juntos, e trabalham juntos, Ed tem um metro e oitenta e oito de altura, cabelos grisalhos, magro, calça quarenta e quatro, usa óculos tem dois filhos que moram com sua ex- mulher, adora ler jornal e vive esperando finais de semana para poder ler um bom livro.

Ambos trabalham no mesmo bloco, cerca de 20 milímetros de um pedaço de madeira separa uma cabine da outra, Ed. agora trabalha ouvindo blues já que sabe que o silencio do seu bloco é insuportável.

{continua}

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