Dois irmãos

Improvável foi para João, depois de percorrer o corredor mórbido e frio de sua casa, chegar à cozinha e não achar o pote de margarina.

João teve uma sensação estranha, acreditou que viu um vulto passando para sala. Um vento frio passeou sobre sua nuca, arrepiando todos os cabelos de seu corpo magro.

Agora ele não sabe o que fazer, não tem ninguém em casa, e já são 21 horas.

Improvável foi para Jorge receber um telefonema do seu irmão, quando a festa estava começando a melhorar.

Improvável mais ainda o motivo da ligação.

— Ligasse para mim, para perguntar onde está o pote de margarina? Ok, eu não sei onde está, falou.

— Espera porra, tem certeza que não sabe mesmo onde está?

— João, deixa de brincadeira, eu estou em uma festa, liga pra pai e pergunta isso. Falou abraço.

— Pai não atende o celular tá desligado.

— Desligado estará o meu se você me ligar de novo.

— Cara eu estou com medo, juro que vi um vulto passando da cozinha pra sala, senti calafrio, e a televisão ligou sozinha.

— Mano deixa de viagem, para de me zoar.

— Jorge eu estou falando sério, por favor, me ajuda?!

— Espera aí que estou chegando.

*Chamada terminada.

Improvável foi a reação dos amigos de Jorge quando descobriram que ele ia embora da festa.

— Mentira que tu já vai? Porra, não estou acreditando meu irmão, puta merda. Teu irmão tem sérios problemas.

— Pois é, o pior é que dão corda pra isso, e se eu não for sobrará pra mim quando meus pais chegarem.

— Cara teu irmão tem 26 anos, ele é bem mais velho que tu, e tá com medo de um vulto?! Tomar no cu!

— Vulto não, disse que a televisão ligou sozinha, também sou puto com essas coisas, mas tenho que ir, falou.

— Falou.

Improvável foi a reação dos Pais de João e Jorge quando chegaram em casa, e viram seus filhos esquartejados no meio da sala, a televisão estava chiando e ambos estavam melados de margarina.