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9 de abr. de 2012

Azáfama #1


Se eu pudesse, sairia dançando pela rua, cumprimentando frentistas e mendigos que me viam passar.

Se eu pudesse teria ficado mais um pouco sonhando na rua, do que acordado em meu quarto em silencio.

Sambar sozinho de madrugada, na companhia de uma sombra, não é o mesmo de andar embriagado sendo visado por sóbrios.

Mas, os dois são como dançar em uma corda bamba invisível a olho nu.

Se eu pudesse teria levado um cachorrinho tristonho que me olhava, para casa, só que o meu motorista particular e meus colegas de condução não iriam aprovar.

Eu deveria ter me jogado na água que caia do chuveiro de uma vez, só que resolvi colocar um braço, depois outro, e em seguida uma perna, depois outra.

O sol já nasceu, sinto-me como se estivesse acabando de acordar. Coincidentemente eu ainda nem dormi.

Ajudei uma velhinha a atravessar uma rua movimentada às 2 horas da manhã, às 3 horas limpei as lagrimas de uma criança que chorava por terem roubado sua boneca chamada alegria.

Levei uma topada, caindo em um gramado melando toda minha fantasia.

Quebrei um pedaço de galho de árvore, e entreguei para um senhor usar como bengala.

Consegui fazer uma pipa usando pedrinhas e papel de caderno, em vez de bambu e papel seda, que foram usados para um charuto artesanal do policial que me revistou.

Perdi três botões em um jogo de truco, joguei de novo, e ganhei a minissaia da moça da cadeira vizinha.

Quis beijar a lua cheia enquanto delirava tomando uísque, mas me deu um mal estar, e acabei vomitando no São Jorge que estava pendurado na tampa da caixa de isopor, de um vendedor de latinha na lagoa.

4 horas e 30 minutos e ainda estou sentado no meio fio, comendo uma espiga de milho que achei em um banco.

Maldito ônibus que não chega, estou fedendo, sujo, duro, e morrendo de vontade de acordar, só que coincidentemente, eu ainda nem dormi.

5 horas da manhã, e minha história chegou ao fim.

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