Se eu
pudesse, sairia dançando pela rua, cumprimentando frentistas e mendigos que me
viam passar.
Se eu
pudesse teria ficado mais um pouco sonhando na rua, do que acordado em meu
quarto em silencio.
Sambar sozinho
de madrugada, na companhia de uma sombra, não é o mesmo de andar embriagado
sendo visado por sóbrios.
Mas, os
dois são como dançar em uma corda bamba invisível a olho nu.
Se eu
pudesse teria levado um cachorrinho tristonho que me olhava, para casa, só que
o meu motorista particular e meus colegas de condução não iriam aprovar.
Eu
deveria ter me jogado na água que caia do chuveiro de uma vez, só que resolvi
colocar um braço, depois outro, e em seguida uma perna, depois outra.
O sol já
nasceu, sinto-me como se estivesse acabando de acordar. Coincidentemente eu
ainda nem dormi.
Ajudei
uma velhinha a atravessar uma rua movimentada às 2 horas da manhã, às 3 horas
limpei as lagrimas de uma criança que chorava por terem roubado sua boneca
chamada alegria.
Levei uma
topada, caindo em um gramado melando toda minha fantasia.
Quebrei
um pedaço de galho de árvore, e entreguei para um senhor usar como bengala.
Consegui
fazer uma pipa usando pedrinhas e papel de caderno, em vez de bambu e papel
seda, que foram usados para um charuto artesanal do policial que me revistou.
Perdi
três botões em um jogo de truco, joguei de novo, e ganhei a minissaia da moça
da cadeira vizinha.
Quis
beijar a lua cheia enquanto delirava tomando uísque, mas me deu um mal estar, e
acabei vomitando no São Jorge que estava pendurado na tampa da caixa de isopor,
de um vendedor de latinha na lagoa.
4 horas e
30 minutos e ainda estou sentado no meio fio, comendo uma espiga de milho que
achei em um banco.
Maldito
ônibus que não chega, estou fedendo, sujo, duro, e morrendo de vontade de
acordar, só que coincidentemente, eu ainda nem dormi.
5 horas
da manhã, e minha história chegou ao fim.
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