Os
pés ensopados por conta das ondas do mar que batiam neles. Calça
suja de areia, com uma parte do abainhado se rasgando por estar
encoberto por seus calcanhares.
As
marcas de suas pegadas sumiam de acordo com o beijar das ondas do
mar na areia.
E
ele continuava a caminhar em silêncio, inspirando aquele cheiro de
maresia forte, às 16h32min da tarde, sonhando com um momento que não
aconteceria.
Poucas
pessoas presenciavam aquela geografia de maneiras diferentes; duas ou
três pessoas nadavam em lugares paralelos, algumas pessoas distantes
sentadas observando aquela paisagem natural. Clichê de sua cidade.
Um
homem, de cabelo curto e cavanhaque sentava do lado esquerdo,
continuava lendo seu livro de bolso, como também olhava para trás,
como se estivesse esperando alguém.
Foi o que tinha ficado mais próximo dele, quando ele estava sentado, antes de começar a caminhar. Do lado direito existia um rapaz com cara de desesperado, calça preta e blusa jeans de botões, mais a direita uma garota de óculos, cabelo preto liso, corpo atraente, e aparentava ser inteligente, e interessante quando ele passou por ela em sua caminhada.
Seu
álbum do Johnny Cash, que escutava por intermédio do mp4 rosa que
pegara emprestado de sua irmã, já estava quase no fim.
Um
senhor que parecia galã de filme de cinema, corria na praia enquanto
quatro senhoras caminhavam de biquínis, com aqueles corpos de jovens
moças e rostos mais velhos que o de sua mãe, que assustaria, tanto
um rapaz, quanto um senhor de certa idade.
No
mar tinham dois barcos, um já conhecido por ele pela foto do ano
novo de 2009 para 2010, onde o barco apareceu na foto que tirou com
seus amigos, o outro barco era menor, parecia mais um jangadinha que
um barco (na verdade era uma jangadinha) onde tinha um rapaz moreno
com um arpão e uma rede em cima, pescando, que o fizera lembra-lo
dos seus jogos de estratégias preferidos, nos seus amigos, e também
na volta as aulas, nem deu para prestar atenção nas músicas do
Johnny Cash que seriam substituídas por três do Beirut, e em
seguida pelas gaitas e voz rouca, meio fanha e desafinada do bob
Dylan, com seus quatro volumes dos seus greatest hits salvos no mp4.
Sua
mente estava em outro lugar, procurando ouvir as ondas dizerem a
resposta 42 de suas perguntas infortunas.
Quisera
ele está sentado lendo livro, e olhando para trás, esperando por
alguém. O livro que tinha na bolsa já tinha lido todo e não era
tão interessante como seus pensamentos naquele momento. E a pessoa
que ele poderia está olhando para trás, esperando, já tinha
confirmado que não poderia ir em uma ligação que ele fizera
minutos antes das 16h32min, ela provavelmente viria vestindo uma
blusa xadrez, mas estava estudando provavelmente para inglês.
Hora de voltar para onde
tinha sentado, a 2 km e alguns metros de onde já estava atualmente.
Com aqueles pensamentos vagos. Mais vazios que vagos em sua mente.
Querendo adivinha o futuro do que acontecerá, não saiu uma lagrimas
de seus olhos, mesmo querendo chorar.
Na
sua bolsa estava seu tênis adidas velho, e um salgadinho de doritos,
nada social para pessoas que usam Iphone e que acham Chê Guevara um
herói revolucionário.
Uma
calculadora cientifica, quatro lápis de madeira comum, uma lapiseira
0.9 falsificada da pentel, duas canetas azuis daquelas de 0,50
centavos, que hoje valem 1 real, uma bic preta com o canudo da tinta
amarelo e tampa transparente, seu fichário de couro de mil anos, um
grimório vermelho de folhas sem linhas, e seu caderno de rascunho,
cheios de erros de matemática e de poesias tortas.
Assim,
continuou por cinco dias antes de suas aulas voltarem, sem livro, sem
olhadas para trás, sem esperar alguém para tentar impressionar. Os
dias passaram-se, as pessoas mudaram.
Mas
a menina de blusa xadrez permanece.
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