Faz muito tempo que eu não escrevo
para você, faz muito tempo que não nos falamos, não sei como você está, mas
espero que esteja bem.
Lembrei-me de você de uns dias pra
cá, daquele soco que eu te dei perto do posto e de como me senti um monstro
depois, queria que você soubesse que foi dolorido para mim também.
Lembrei-me da promessa que fiz
depois, percebi que não funcionou não é verdade?
Lembrei também das nossas lutas de
esgrima, e do quanto você odiava perder, principalmente quando eu usava minha
mão direita.
E das competições de corrida que fazíamos
contra o ônibus, lembro-me de quando ganhei do ônibus pela primeira vez, até o
motorista não acreditou. E você ficou espantado.
Cara, como você se metia em
confusão. Sempre era assim não era?
Você se metia em confusão,
apanhava, e eu tinha que bater neles e depois em você. A gente não fugia, só íamos
em frente, era engraçado. Aqueles gritos altos correndo para frente, gritos
mais de medo do que de outra coisa.
Nunca imaginei que aquele dia da
padaria seria o inicio de algo ruim, eu realmente não queria ter apresentado
algumas pessoas que apresentei para você.
Eu queria ter ido com vocês cara,
mas se eu tivesse ido não seria diferente seria? Afinal Dude também estava lá,
e ele continua aqui. Só você que não está mano. Só você que não estar.
Às vezes eu penso que se eu tivesse
feito algo diferente, se eu não tivesse dado aquele soco, acho que você estaria
aqui.
Sinto falta daqueles tempos, não só
eu, como todos que nós convivemos.
Às vezes eu ficava olhando as
pessoas pela janela e via você passar, e via outras pessoas passarem, acho que
foi nessa época que você foi se afastando.
Quando eu voltava da escola, minha
mãe dizia que você tinha passado me chamando, e você dizia que depois passava
de volta.
Até que você começou a passar, e passar
sem mais me chamar, e com olhos vermelhos.
Queria pedir desculpas, por não
estar quando você me chamava, ou por não ter saído mais como antes fazia.
Queria que você não tivesse raiva
de mim, eu posso estar sendo muito hipócrita em dizer isso agora, mas precisava
de mim onde eu estava. Precisavam de mim, e eu era o único que sabia disso.
As pessoas não lembram os grandes feitos
dos outros, só os próprios.
Não tem nenhuma vez que eu passe
naquela rua e lembre de todo mundo que viveu lá.
Acho que não precisam de mim mais,
não como precisavam antes, mas não sou eu o único que sei disso, elas também
sabe.
Você lembra-se do cara da goiabada?
Pois é briguei com ele de novo, e dessa vez eu resolvi deixar pra lá, ele vem
piorando a cada dia. Me da nojo conversar com ele, ou escutar alguma coisa que
ele diz.
Acho que eu estou perto de formar
meu rumo, aprendi a cozinhar, e melhorar minha gororobas que fazia, tenho phd
em fazer sanduiches.
Já assistisse os três mosqueteiros?
Os três mosqueteiros, na verdade eram quatro... D'artagnan
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