Ela se assustou quando ouviu
alguns barulhos que vinha de frente ao salão onde estava fazendo suas unhas.
─ O que foi isso?
─ Não sei, deve ter sido alguma
batida, vai saber.
─ É verdade, pode ter sido isso
mesmo.
Algumas pessoas passam correndo
assustadas em frente ao salão, mas nada que alterasse o som do secador de
cabelos, e da televisão que transmitia a novela.
Lá fora, a suposição delas tinham
sido verdadeira. Um acidente aconteceu assim que Vitor e Benjamim bateram em um
carro a sua frente, quando ultrapassaram o sinal que estava vermelho, cento e
vinte nove metros a frente do salão.
Ele foi atingindo por um carro,
que bateu na lateral traseira do seu carro, fazendo com que ele girasse até
bater com o lado da sua porta em um poste.
Benjamim e Vitor saem do carro
com suas armas já sacadas, abordando um Santana branco que parou por susto
depois do acidente, e atirando ao mesmo tempo, no peito esquerdo do policial
que atravessara a rua na tentativa de prestar socorro.
Ela falava dele para as amigas, e
para manicure que era obrigada a escutar. Contava como se gostavam, mas a
distancia e os empecilhos faziam com que nunca se encontrassem. E como o universo
conspirava contra a aproximação dos dois. E agora estavam finalmente juntos depois de tanta distância
O som da buzina do carro que
bateu no poste não parava, mesmo assim ainda era imperceptível dentro do salão
movimentado.
Benjamim e Vitor entram no carro, fazendo uma
mulher loira de cabelos cacheados de refém, após terem tirado do volante o
homem de pele amarelada, cabelos e bigode grisalhos morto com um tiro na cabeça.
Frações de segundo depois atropelam um senhor de pele mulata que vestia uma
camisa de linho com botões, sua cabeça bateu na lataria da frente do carro de
Thiago que não parava de buzinar.
Benjamim e Vitor fugiram, mas decidiram
jogar a mulher loira de cabelos cacheada no asfalto.
A rua encruzilhada estava um
deserto, os pedestres e motoristas saíram com medo de possíveis tiroteios e
balas perdidas.
Na rua a mulher loira de cabelos
cacheados levantou-se ao som agoniante da buzina do carro que continuava. Ela
segue em direção ao salão para pedir socorro, passando correndo atordoada de
medo, não percebeu a movimentação no estabelecimento que possuía um vidro fumê
e fosco, que dificultava a visualização das pessoas de fora.
Um minuto depois a primeira
cliente a sair do salão se assusta com a buzina e o deserto da rua. Sessenta
passos do estabelecimento a cliente cruza com um homem de blusa branca, e rosto
melados de vinho, que fez o cenário um pouco mais assustador do que já era.
A cliente correu para o seu
carro, até que notou a frente amassada de um chevette cor de merda, e dois
homens mortos no meio da rua, fazendo com que desmaiasse.
Um minuto antes, as mulheres do
salão escutaram a buzina insuportável do carro, mas assim que a porta fechou-se,
deram de ombros e continuaram com seus afazeres.
Quarenta e dois segundos depois a
porta volta a se abrir. O som da buzina fez com que todas as mulheres olhassem
para maldita porta, e ficassem paralisadas.
A porta se fechou e o silencio
tomou conta do salão.
─ Boas tarde, vocês podem me
dar um copo d’água?
Elas escutaram atentamente o pedido,
mesmo assim não conseguiam parar de olhar ele com a blusa manchada de
vinho, e o rosto coberto de sangue.
Tudo isso seria verdade, se ele já tivesse se formado, se eles já tivessem se conhecido.
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