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10 de jul. de 2012

Coisados #2



Ela se assustou quando ouviu alguns barulhos que vinha de frente ao salão onde estava fazendo suas unhas.

─ O que foi isso?

─ Não sei, deve ter sido alguma batida, vai saber.

─ É verdade, pode ter sido isso mesmo.

Algumas pessoas passam correndo assustadas em frente ao salão, mas nada que alterasse o som do secador de cabelos, e da televisão que transmitia a novela.

Lá fora, a suposição delas tinham sido verdadeira. Um acidente aconteceu assim que Vitor e Benjamim bateram em um carro a sua frente, quando ultrapassaram o sinal que estava vermelho, cento e vinte nove metros a frente do salão.

Ele foi atingindo por um carro, que bateu na lateral traseira do seu carro, fazendo com que ele girasse até bater com o lado da sua porta em um poste.

Benjamim e Vitor saem do carro com suas armas já sacadas, abordando um Santana branco que parou por susto depois do acidente, e atirando ao mesmo tempo, no peito esquerdo do policial que atravessara a rua na tentativa de prestar socorro.

Ela falava dele para as amigas, e para manicure que era obrigada a escutar. Contava como se gostavam, mas a distancia e os empecilhos faziam com que nunca se encontrassem. E como o universo conspirava contra a aproximação dos dois. E agora estavam finalmente juntos depois de tanta distância

O som da buzina do carro que bateu no poste não parava, mesmo assim ainda era imperceptível dentro do salão movimentado.

 Benjamim e Vitor entram no carro, fazendo uma mulher loira de cabelos cacheados de refém, após terem tirado do volante o homem de pele amarelada, cabelos e bigode grisalhos morto com um tiro na cabeça. Frações de segundo depois atropelam um senhor de pele mulata que vestia uma camisa de linho com botões, sua cabeça bateu na lataria da frente do carro de Thiago que não parava de buzinar.

Benjamim e Vitor fugiram, mas decidiram jogar a mulher loira de cabelos cacheada no asfalto.

A rua encruzilhada estava um deserto, os pedestres e motoristas saíram com medo de possíveis tiroteios e balas perdidas.

Na rua a mulher loira de cabelos cacheados levantou-se ao som agoniante da buzina do carro que continuava. Ela segue em direção ao salão para pedir socorro, passando correndo atordoada de medo, não percebeu a movimentação no estabelecimento que possuía um vidro fumê e fosco, que dificultava a visualização das pessoas de fora.

Um minuto depois a primeira cliente a sair do salão se assusta com a buzina e o deserto da rua. Sessenta passos do estabelecimento a cliente cruza com um homem de blusa branca, e rosto melados de vinho, que fez o cenário um pouco mais assustador do que já era.

A cliente correu para o seu carro, até que notou a frente amassada de um chevette cor de merda, e dois homens mortos no meio da rua, fazendo com que desmaiasse.

Um minuto antes, as mulheres do salão escutaram a buzina insuportável do carro, mas assim que a porta fechou-se, deram de ombros e continuaram com seus afazeres.

Quarenta e dois segundos depois a porta volta a se abrir. O som da buzina fez com que todas as mulheres olhassem para maldita porta, e ficassem paralisadas.

A porta se fechou e o silencio tomou conta do salão.

─ Boas tarde, vocês podem me dar um copo d’água?

Elas escutaram atentamente o pedido, mesmo assim não conseguiam parar de olhar ele com a blusa manchada de vinho, e o rosto coberto de sangue.


Tudo isso seria verdade, se ele já tivesse se formado, se eles já tivessem se conhecido.

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