A chuva molhou meus sapatos,
consequentemente minhas meias e meus pés, meu corpo estava coberto por vestes maltrapilhas
e um boné italiano, que eram protegidos por um guarda-chuva enorme, com uma
ponta de ferro em seu centro.
Eu adorava aquele guarda chuva,
era capaz de proteger varias pessoas, também ajudava a me distrair, tentando
equilibrá-lo com um dedo só, com as costas da mão, ou usando-o como uma bengala,
além de me criar uma falsa proteção tornando em meus pensamentos uma espada
contra mal feitores.
Era uma bela noite, apesar de
estar-me ensopado dos joelhos para baixo. O barulho das batidas de sino do
bondinho mostrava que minha condução estava se aproximando. E que o fim da
minha maravilhosa noite estava perto do final.
─
Eu te amo.
Disse-me ela, com lagrimas caindo
em seu rosto. Fazendo meu coração mudar o batuque e meu corpo inteiro
esfriar... “Estava-me eu morrendo logo agora?”.
Meus olhos brilhavam iguais as
lanternas dos faróis que orientavam os navios e os barcos em alto mar. E meu
corpo ainda frio, suava dentro do meu terno e de minha calça.
Foi quando a chuva começou, e meu
guarda-chuva nos aproximou, já que o chapéu que prendiam aqueles belos cachos
de seu cabelo negro, não suportaria aquela chuvarada. E suas vestes se encharcariam
toda.
A respiração dela parou quando seu
corpo encontrou-se com o meu. Respirei fundo e a abracei forte, mesmo naquele
frio, meu pescoço pingava de suor.
─
Não falaras n...
Interrompi suas palavras com um
beijo, e nossos narizes gélidos se tocaram, cheiraram-se, e se conheceram. E
nossos lábios, línguas e dentes foram devidamente apresentados.
Uma pequena linha de tecido de
algodão separava as costas dos dedos, da minha mão esquerda, que tocava seu
umbigo e segurava o guarda-chuva ao mesmo tempo. Seguido do momento que minha
mão direita tremula como minhas pernas estavam, encontrou com uma nuca coberta
de cabelos encaracolados.
Entrei no bonde ainda sentido o
cheiro perfumado, que vinha da pele macia de minha primeira namorada. Continuei
a sentir o corpo dela no meu, como se ainda estivéssemos abraçados.
O brilho de faróis dos meus olhos
cessou, e as lagrimas jorraram com gosto salgado, paravam-se pelo meu queixo e
percorria meu pescoço, outras se perdiam nos meus lábios esticados por não
conseguir interromper o sorriso que estava formado.
Foi a primeira vez, que fui amado.
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