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23 de jul. de 2012

De Baixo do Guarda-Chuva




A chuva molhou meus sapatos, consequentemente minhas meias e meus pés, meu corpo estava coberto por vestes maltrapilhas e um boné italiano, que eram protegidos por um guarda-chuva enorme, com uma ponta de ferro em seu centro.

Eu adorava aquele guarda chuva, era capaz de proteger varias pessoas, também ajudava a me distrair, tentando equilibrá-lo com um dedo só, com as costas da mão, ou usando-o como uma bengala, além de me criar uma falsa proteção tornando em meus pensamentos uma espada contra mal feitores.

Era uma bela noite, apesar de estar-me ensopado dos joelhos para baixo. O barulho das batidas de sino do bondinho mostrava que minha condução estava se aproximando. E que o fim da minha maravilhosa noite estava perto do final.

Eu te amo.

Disse-me ela, com lagrimas caindo em seu rosto. Fazendo meu coração mudar o batuque e meu corpo inteiro esfriar... “Estava-me eu morrendo logo agora?”.

Meus olhos brilhavam iguais as lanternas dos faróis que orientavam os navios e os barcos em alto mar. E meu corpo ainda frio, suava dentro do meu terno e de minha calça.

Foi quando a chuva começou, e meu guarda-chuva nos aproximou, já que o chapéu que prendiam aqueles belos cachos de seu cabelo negro, não suportaria aquela chuvarada. E suas vestes se encharcariam toda.

A respiração dela parou quando seu corpo encontrou-se com o meu. Respirei fundo e a abracei forte, mesmo naquele frio, meu pescoço pingava de suor.

Não falaras n...

Interrompi suas palavras com um beijo, e nossos narizes gélidos se tocaram, cheiraram-se, e se conheceram. E nossos lábios, línguas e dentes foram devidamente apresentados.

Uma pequena linha de tecido de algodão separava as costas dos dedos, da minha mão esquerda, que tocava seu umbigo e segurava o guarda-chuva ao mesmo tempo. Seguido do momento que minha mão direita tremula como minhas pernas estavam, encontrou com uma nuca coberta de cabelos encaracolados.

Entrei no bonde ainda sentido o cheiro perfumado, que vinha da pele macia de minha primeira namorada. Continuei a sentir o corpo dela no meu, como se ainda estivéssemos abraçados.

O brilho de faróis dos meus olhos cessou, e as lagrimas jorraram com gosto salgado, paravam-se pelo meu queixo e percorria meu pescoço, outras se perdiam nos meus lábios esticados por não conseguir interromper o sorriso que estava formado.

Foi a primeira vez, que fui amado.

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